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sábado, 19 de março de 2011

O Nascimento do Senhor Chaitanya

Da obra Caitanya-Bhagavata,




Adi-khanda, Capítulo 2



Glórias e mais glórias ao beatífico Gaurasundara Mahaprabhu, o filho

de Jagannatha Misra, o Senhor Supremo de tudo e todos! Glórias e mais

glórias ao Senhor Caitanya, a vida e alma de Nityananda Prabhu e de

Sri Gadadhara Pandita! Todas as glórias, todas as glórias a Ele que é

o abrigo de Sri Advaitacarya! Glórias e mais glórias ao Senhor Sri

Gauranga e a Seus associados! Obtém-se amor devocional pelo Supremo

simplesmente por se ouvirem estes tópicos transcendentais acerca do

Senhor Caitanya. Novamente ofereço minhas reverências aos pés de lótus

do Senhor e aos pés de lótus de todos os Seus associados; assim, os

passatempos do Senhor poderão aparecer em minha língua. Glórias e mais

glórias ao Senhor Gauracandra, o oceano de misericórdia!



Glórias e mais glórias ao Senhor Nityananda, o serviço devocional

personificado! Eles são irmãos e são devotos do Senhor. Suas

verdadeiras identidades, contudo, são desconhecidas. Unicamente pela

misericórdia dEles nos é revelada a verdadeira identidade de ambos. O

Senhor Brahma foi iluminado acerca da Verdade Absoluta pela

misericórdia do Senhor Krsna. O Srimad-Bhagavatam (2.4.22) e todas as

escrituras védicas descrevem isso. “Que o Senhor que é o começo da

criação e que ampliou o poderoso conhecimento de Brahma de dentro de

seu coração e o inspirou com sabedoria plena acerca da criação e

acerca de Sua própria identidade, e que parece ter sido gerado a

partir da boca de Brahma, fique satisfeito”. Quando, no começo, o

Senhor Brahma nasceu do lótus do umbigo do Senhor, ele não tinha

capacidade de ver algo. Todavia, quando ele se rendeu completamente ao

Senhor Supremo; por Sua misericórdia sem causa, Krsna apareceu perante

Brahma. Essa mesma misericórdia iluminou o Senhor Brahma com

conhecimento absoluto do Senhor Supremo, a origem de todas as

encarnações. Como uma conseqüência natural, da boca de Brahma

começaram a fluir canções glorificatórias.



A vinda do Senhor Krsnacandra a este mundo material é muito difícil de

se compreender. Sem primeiramente receber a misericórdia do Senhor,

quem tem poder para entender tal nascimento? Seus passatempos

supramundanos são inconcebíveis e inacessíveis. O Senhor Brahma

declara no Srimad-Bhagavatam (10.14.21): “Ó Senhor do Universo, ó

Pessoa Suprema, ó Alma Suprema, ó Senhor dos místicos, como Você é

maravilhoso! Quem dentro dos três mundos pode saber quando, onde, por

qual motivo e como Você expande Sua potência espiritual interna,

Yogamaya, e executa Seus passatempos transcendentais?”. Quem pode

apontar a razão ontológica para o advento do Senhor neste mundo? Só

posso ter por fonte o Bhagavad-gita e o Srimad-Bhagavatam para

encontrar a razão de Seu aparecimento. “Sempre e onde quer que haja

declínio na prática religiosa, Ó descendente de Bharata, e uma

ascensão predominante de irreligião – aí, então, Eu próprio descendo.

Para libertar os piedosos e aniquilar os malfeitores, bem como para

restabelecer os princípios da religião, Eu mesmo venho, milênio após

milênio”. (Bhagavad-gita 4.7-8) À proporção que as práticas religiosas

enfraquecem, a irreligião ganha espaço. Quando isto ocorre, o Senhor

Brahma e os demais semideuses se aproximam do Senhor e oram pela

proteção dos devotos e pela aniquilação dos demônios.



A fim de restabelecer o processo religioso da era (yuga-dharma), o

Senhor Supremo, acompanhado de Suas expansões e associados, descendeu

à Terra. A religião de Kali-yuga é o canto congregacional do santo

nome do Senhor (Hari-sankirtana) e para estabelecer de forma

definitiva esse processo, o Senhor apareceu como o filho de Mãe Saci.

Confirma-se no Srimad-Bhagavatam (11.5.31-32) que a Suprema Verdade

Absoluta, Sri Caitanya Mahaprabhu, nasce unicamente com o propósito de

propagar o canto congregacional do santo nome de Krsna: “Os devotos

sempre oferecem orações à Suprema Personalidade de Deus através de

vários mantras e observam os princípios reguladores dos livros védicos

suplementares. Mas, na era de Kali, aqueles que forem inteligentes,

executarão especificamente o canto congregacional do maha-mantra Hare

Krsna, adorando a Suprema Personalidade de Deus, que aparece nesta era

como um devoto sempre a cantar as glórias de Krsna”. O Senhor

Caitanya-Narayana revelou que o Hari-sankirtana, o canto

congregacional do santo nome do Senhor Hari, é a essência de toda a

religião em Kali-yuga. Para o estabelecimento desse Movimento de

Sankirtana, acompanhado de Seus associados, Ele aparece em Kali-yuga.



Cumprindo o desejo do Senhor, Seus eternos associados aparecem antes

dEle, aceitando nascimento no mundo dos seres humanos. Ananta, Siva,

Brahma e outros grandes sábios nasceram como associados pessoais do

Senhor Supremo. Todos eles nasceram como grandes devotos Bhagavatas do

Senhor. O Senhor Caitanya, sendo o próprio Krsna, era plenamente

ciente de suas identidades. A maior parte deles nasceu em Navadvipa,

alguns nasceram em Cati-grama, alguns em Radha-desa, e ainda outros na

Orissa. Embora tenham descendido à Terra em diferentes pontos, todos

se encontraram em Navadvipa. A maioria desses grandes vaisnavas nasceu

em Navadvipa, mas alguns dos vaisnavas mais queridos do Senhor

nasceram em outras localidades. Srivasa Pandita, Sri Rama Pandita e

Sri Candrasekharadeva, por exemplo, que são personalidades adoradas

nos três mundos, e Sri Murari Gupta, um médico perito capaz de curar a

doença do envolvimento material, desceram a este mundo em Srihatta

(Radha-desa). Os grandiosos vaisnavas Pundarika Vidyanidhi, Caitanya

Vallabha e Vasudeva Datta apareceram em Cati-grama. Haridasa apareceu

neste mundo em Budhana.



Em Radha-desa, há uma vila de nome Ekacakra. Nessa vila, a Suprema

Personalidade de Deus, o Senhor Nityananda, descendeu a este mundo.

Embora Ele seja o pai de todos, o Senhor Nityananda, para exibir

misericórdia para com Hadai Pandita, um brahmana e devoto puro, atuou

como seu filho. Dessa maneira, o Senhor Nityananda Rama, que é um

oceano de benevolência, o outorgador da devoção ao Supremo e o abrigo

dos devotos, apareceu no distrito de Radha-desa. Expressando sua

profunda felicidade pelo aparecimento do Senhor Nityananda, os

semideuses clamaram “Jaya! Jaya!” e derramaram flores no cenário

auspicioso. Tudo isso aconteceu de forma invisível aos olhos mundanos.

Do nascimento do Senhor Nityananda em diante, Radha-desa ficava a cada

dia mais próspera e auspiciosa. Paramananda Puri, que foi associado

íntimo do Senhor Caitanya em Jagannatha Puri, apareceu em Trihut.



As localidades à beira do Ganges são todas puras e sagradas. Por que,

então, esses vaisnavas nasceram em terras ímpias? Se o próprio Senhor

Caitanya descendeu a este mundo à beira do Ganges; por que, então,

Seus associados nasceram em outros locais distantes? Em suas viagens,

os Pandavas nunca iam a locais onde o Ganges ou os santos nomes do

Senhor Hari não estivessem presentes. A resposta para isto é que,

porque o Senhor Krsna Caitanya ama todas as entidades vivas assim como

um pai ama todos os seus filhos, Ele ordenou a tais grandes devotos

aparecerem nesses locais diversificados. O aparecimento do Senhor teve

o único propósito de remir o mundo material. A fim de cumprir esse

propósito, o Senhor arranjou para que Seus devotos puros nascessem em

terras ímpias e em famílias igualmente impiedosas. Independente da

região ou família em que o vaisnava puro apareça, com sua grande

potência, ele libera todos em uma área de mais de um milhão e duzentos

mil quilômetros. Onde quer que os vaisnavas manifestem suas glórias se

torna um local puro e sagrado, um local de peregrinação. Assim,

criando novos locais de peregrinação, o Senhor Caitanya-Narayana

providenciou que Seus devotos descessem ao mundo material nesses

diferentes locais. Embora tenham nascido em localidades variadas, eles

se encontraram, como que por acaso, em Navadvipa.



A terra natal do Senhor Caitanya foi Navadvipa, daí ser Navadvipa o

local de encontro de todos os devotos. As glórias de Navadvipa não

podem ser comparadas às de nenhuma outra parte do mundo. Ciente de que

o Senhor apareceria ali, o demiurgo Brahma dotou Navadvipa com tudo o

que há de auspicioso. Quem é capaz de descrever as opulências de

Navadvipa? Em um único de seus balneários, centenas e milhares iam se

banhar no Ganges. Pela graça da deusa Sarasvati, os residentes de

Navadvipa, de todas as diferentes idades, eram eruditos expoentes das

escrituras. Toda a população era muito orgulhosa de seu conhecimento

material; mesmo jovens garotos debatiam apaixonadamente com os anciãos

eruditos. Pessoas vinham de diferentes províncias para estudar em

Navadvipa, porque ali poderiam desenvolver gosto pelo estudo

sistemático. O número de estudantes de Navadvipa era incalculável, e o

número exato de professores também era desconhecido.



Agraciados pelo olhar favorável de Laksmidevi, os residentes de

Navadvipa estavam contentes, mas, estando interessados em degustar

apenas sabores materiais, desperdiçavam a duração de suas vidas. À

medida que o orgulho e a mentalidade materialista cresciam entre eles,

o gosto pelo serviço devocional ao Senhor Supremo diminuía; e, com a

entrada de Kali-yuga, isso se agravou consideravelmente. A única

prática religiosa conhecida era a observação de vigílias invocando

semideuses e semideusas – especialmente Mangala Candi Durga – para a

obtenção de efêmeros benefícios materiais. Alguns arrogantemente

adoravam Manasa, a deusa das cobras, e outros desperdiçavam grandes

riquezas oferecendo-as a deidades que não passavam de bonecos de

deuses e deusas. Eles esbanjavam grandes somas de riquezas no

casamento de seus filhos e filhas, e, dessa maneira, desperdiçavam a

duração de vida de que dispunham neste mundo.



Mesmo os supostos sacerdotes de elite – Bhattacaryas, Cakravartis e

Misras – desconheciam a razão das escrituras. Embora ensinassem as

escrituras, suas atividades não eram condizentes com as injunções das

mesmas. Mesmo enquanto vivos, a forca de Yamaraja já repousava no

pescoço tanto dos professores quanto de seus alunos. Ninguém discutia

Krsna-kirtana, a verdadeira religião de Kali-yuga do cantar dos nomes

e glórias do Senhor Hari. Não podendo apontar falhas em outros, todos

preferiam ficar em silêncio. Sequer um único nome de Deus escaparia

das bocas daqueles pretensos renunciantes e eremitas. Aqueles

considerados os mais piedosos da sociedade podiam ser ouvidos

repetindo o nome de “Govinda” ou “Pundarikaksa” uma vez ao dia

enquanto se banhavam. Perspectivas devocionais estavam invariavelmente

ausentes nas explicações de literaturas transcendentais como o

Bhagavad-gita e o Srimad-Bhagavatam.



Testemunhando o mundo inteiro confuso pela energia ilusória do Senhor

Visnu, os devotos sentiam profunda tristeza. Eles se perguntavam:

“Como todas essas almas serão liberadas? Elas estão hipnotizadas pelo

mito da gratificação dos sentidos. Embora sejam solicitadas a cantar

os santos nomes do Senhor Krsna, elas se recusam e seguem com suas

intermináveis discussões acerca de conhecimentos ordinários. Como

todas essas almas serão liberadas?”. O pequeno número de devotos

vaisnavas continuava com suas atividades devocionais. Eles adoravam o

Senhor Krsna, banhavam-se no Ganges e discutiam tópicos conscientes de

Krsna. Apiedados da condição em que a humanidade se encontrava, os

vaisnavas oravam: “Ó Senhor Krsnacandra, por favor, derrame sem demora

Sua misericórdia sobre todos”.



O líder dos vaisnavas de Navadvipa se chamava Advaitacarya. Ele era a

personalidade mais gloriosa de todo o mundo. Ele era o melhor

exponente de jnana (conhecimento), bhakti (serviço devocional) e

vairagya (renúncia). Suas explicações sobre Krsna-bhakti (devoção a

Krsna) eram como aquelas dadas pelo Senhor Siva em pessoa. Quando

discutia qualquer passagem de qualquer escritura, Sua interpretação

conclusiva para todos os versos era: “Devoção aos pés de lótus do

Senhor Krsna é o melhor de todos os caminhos espirituais”. Ele

constantemente adorava o Senhor Krsna com grande felicidade e devoção

oferecendo-Lhe Tulasi-manjaris e água do Ganges. Impelido por Seu amor

ao Senhor, Ele cantava alto os nomes de Krsna. Os nomes clamados por

Ele penetraram as coberturas do mundo material, transpuseram a morada

do Senhor Brahma e entraram no reino de Vaikuntha. Ouvindo a

manifestação sonora do amor de Advaitacarya, o Senhor Krsna, que é

conquistado pela devoção, apareceu pessoalmente diante de Seu devoto.

Advaita era o melhor de todos os vaisnavas. Ele era o mais glorioso

seguidor de bhakti-yoga de todo o universo.



Advaitacarya Se entristecia profundamente ao contemplar uma pessoa

destituída de devoção ao Senhor. Todos estavam loucos, buscando a

qualquer custo o prazer sensorial – ninguém ansiava por adorar ou

servir o Senhor Krsna. Alguns adoravam a deusa Durga com muitas

oferendas, enquanto outros adoravam yaksas com oferendas de carne

humana e vinho. Eles se imergiam nos incessantes e tumultuosos cantar

e dançar mundanos, tornando-se surdos ao nectáreo chamado dos santos

nomes do Senhor Krsna. Os semideuses não ficam satisfeitos com a

adoração que não tem por fim último a satisfação do Senhor Krsna.

Advaitacarya em particular, vendo que as pessoas não estavam

inclinadas a adorar Krsna, sentia grande pesar no âmago de Seu

coração. Advaitacarya Prabhu era por natureza muito compassivo. No

íntimo de Seu coração, Ele tentava elaborar um plano para liberar as

almas condicionadas. Ele pensou: “Se Meu Senhor descender a este

mundo, então todos serão liberados. Só posso ostentar ser uma

encarnação do Senhor Maha-Visnu se Eu puder convencer o amado de

Vaikuntha, Krsna, a aparecer neste mundo. Com esse feito, ficarei

famoso como ‘Advaitasimha’, o leão irrivalizável. Quando Eu

pessoalmente trouxer o Senhor de Vaikuntha para este mundo, liberando

desta maneira todas as almas condicionadas, Eu cantarei e dançarei em

grande satisfação”. Tecendo repetidamente tais considerações, Ele

adorava constantemente os pés de lótus de Krsna com determinação

indivisa. O Senhor Caitanya desceu a este mundo devido ao apelo

sincero de Advaitacarya Prabhu. O próprio Senhor repetia esse fato com

grande freqüência.

 
Navadvipa, o local do nascimento do Senhor Caitanya.


Srivasa Pandita e seus três irmãos, Srirama, Sripati e Srinidhi, em

cuja casa o Senhor Caitanya desfrutou diversos passatempos, residiam

em Navadvipa. Os quatro irmãos sempre cantavam os santos nomes do

Senhor Krsna. Três vezes ao dia, eles se banhavam no Ganges e adoravam

Sri Krsna. Sob a ordem do Senhor Supremo, muitas almas liberadas

nasceram neste mundo; com suas identidades verdadeiras encobertas,

residiam no distrito de Nadiya. Sri Candrasekhara, Jagadisa,

Gopinatha, Sriman, Murari, Sri Garuda e Gangadasa desceram antes do

Senhor. Menciono apenas os nomes de algumas grandes almas que conheci

pessoalmente. A menção de todos os associados do Senhor tornaria este

livro muito volumoso. Todas essas almas nobres e generosas executavam

seus deveres espirituais com extremo cuidado e atenção. De fato, eles

não conheciam nada além do serviço devocional ao Senhor Krsna. Eles

consideravam uns aos outros como amigos, e não sabiam serem almas

liberadas advindas do mundo espiritual.



Quando viam não haver devoção ao Senhor Visnu em nenhuma parte do

mundo, seus corações pareciam queimar. Não sendo capazes de encontrar

ninguém com gosto pelo néctar dos passatempos do Senhor Krsna, eles

glorificavam o Senhor apenas entre si. Eles se encontravam na casa de

Advaita e conversavam sobre Krsna por uma ou duas horas. Com isso,

todo o sofrimento se dissipava. Nada podiam fazer os devotos senão

contemplar com lágrimas nos olhos todos a queimar nas labaredas do

materialismo. Com a liderança de Sri Advaitacarya, os devotos

empreenderam uma iniciativa para tentar fazer com que as pessoas se

tornassem conscientes de Deus, mas nem uma alma sequer entendeu a

mensagem deles. Acometido por uma grande aflição ante o sofrimento de

tantos, Advaita passou a jejuar. Os vaisnavas respiravam com

dificuldade vendo o estado de seu líder.



“Por que cantar e dançar para Krsna? Qual o significado do canto

congregacional dos santos nomes do Senhor? O que é ser um vaisnava?”.

Os materialistas grosseiros não podiam compreender nada disso, pois

tudo o que queriam na vida era dinheiro e filhos. Quando se reuniam,

tais ateístas zombavam e riam dos vaisnavas. Ao cair da tarde, Srivasa

Thakura e seus três irmãos cantavam os santos nomes do Senhor em sua

casa com grande empolgação. Ouvindo o cantar de Srivasa Thakura, seus

vizinhos declaravam entre si: “Esse brahmana louco irá levar toda a

nossa vila à ruína! O tirano rei muçulmano ficará assustadoramente

indisposto com o povo de Nadiya se ouvir esse cantar”. Alguns vizinhos

invejosos propunham: “Esse brahmana deveria ser expulso de nossa vila.

Devíamos fazer sua casa em pedaços e jogar cada um desses pedaços na

correnteza do rio. Somente com a expulsão de Srivasa nossa vila poderá

permanecer em paz. De outro modo, os soldados muçulmanos irão ocupar

nossa vila e nos torturar”.



Quando os impolutos vaisnavas ouviam tais ameaças dos ateístas, eles

apenas choravam e levavam seus pesares ao Senhor Krsna por meio de

suas orações. Tomando conhecimento dessas ofensas, Advaita foi tomado

de ira. Tendo apenas as quatro direções como vestes, Ele disse aos

vaisnavas: “Srinivasa, Gangadasa, Suklambara, ouçam-Me, por favor.

Farei com que o Senhor Krsna apareça diante dos olhos de todos! O

Senhor Krsna virá aqui e libertará todas as almas condicionadas.

Juntamente com todos vocês vaisnavas, Ele ensinará Krsna-bhakti, a

prática do serviço devocional, a todos os ateístas. Se Eu falhar no

cumprimento de Minha promessa, manifestarei Minha forma de quatro

braços que traz a cakra em riste e separarei a cabeça de todos os

ateístas do restante de seus corpos. Só assim eles aceitarão que o

Senhor Krsna é Meu Senhor e que Eu sou o Seu servo”. Sri Advaitacarya

perdurou neste discurso; finalizando-o, colocou-Se a adorar

determinadamente os pés de lótus do Senhor Krsna. Todos os devotos

adoraram os pés de lótus do Senhor Krsna com grande determinação,

enquanto lágrimas escorriam de seus olhos incessantemente.



Enquanto os devotos andavam pela cidade de Navadvépa cumprindo seus

deveres, não ouviam em parte alguma discussões sobre o Senhor Supremo

ou sobre devoção. Perturbados com tudo aquilo, os devotos desejavam

abandonar seus corpos. Eles suspiravam o nome de Krsna enquanto

respiravam pesadamente. A dor deles ante os frívolos empreendimentos

de uma sociedade materialista era tão grande que não tinham apetite.

Se acaso colocassem algo na boca, não tinham ânimo para mastigar. Em

conseqüência à rejeição de toda a felicidade material por parte dos

devotos, o Senhor Supremo começou a preparar Sua vinda ao mundo

material.



Sob a ordem do Senhor Supremo, Nityananda Prabhu, a origem de Ananta

Sesa, desceu antes dEle. O aparecimento do Senhor Nityananda se deu no

ventre de Padmavati, na terra de Radha-desa, em Ekacakra, em um

auspicioso sukla-trayodasi, décimo terceiro dia da lua crescente, no

mês de Magha (Janeiro e Fevereiro). Embora Ele seja o Pai Supremo

original de todos, Nityananda permitiu a Sri Hadai Pandita, o mais

puro e elevado dos brahmana, fazer o papel de Seu pai. Deste modo, o

Senhor Balarama, que é um oceano de misericórdia e o outorgador do

serviço devocional, descendeu novamente a este mundo; desta vez,

atendendo pelo nome de Nityananda Prabhu. Os cidadãos dos planetas

celestiais celebraram a ocasião derramando pétalas de flores e

clamando “Jaya! Jaya!”. Tudo isto de forma invisível aos olhos das

pessoas ordinárias. O aparecimento do Senhor Nityananda na terra de

Radha-desa fez com que a boa fortuna daquele distrito crescesse mais e

mais em todos os aspectos. Aceitando as vestes de avadhuta, o Senhor

Nityananda vagou por toda a parte liberando as almas caídas. Foi assim

que o Senhor Ananta adveio a este mundo. Agora, ouçam, por favor, o

advento do Senhor Krsna.



Em Navadvipa vivia uma grande personalidade transcendental chamada Sri

Jagannatha Misra. Ele era tal qual Vasudeva Maharaja: sempre ocupado

em atividades transcendentais. Era magnânimo e possuía no mais alto

grau todas as qualidades bramânicas. Suas virtudes eram sem paralelo.

Sri Jagannatha Misra era tal qual Kasyapa, Dasaratha, Vasudeva e Nanda

Maharaja. Sua dedicada e casta esposa, de nome Srimati Sacidevi, era a

personificação da devoção ao Senhor Supremo, a mãe de todo o universo.

De nove filhos, oito faleceram, e apenas o afortunadíssimo filho de

nome Visvarupa ficou sob seus cuidados, Ele que era tão belo e

encantador quanto o Cupido e a fonte de prazer de Seus parentes.

Visvarupa foi renunciado desde Seu nascimento. Quando ainda era apenas

uma criança, todas as escrituras sagradas espontaneamente se revelaram

em Seu íntimo.



A irreligiosidade manifesta no começo de Kali-yuga era um indicativo

do que o futuro reservava: não haveria serviço devocional,

Visnu-bhakti, em nenhum lugar do mundo material. Em conseqüência do

desaparecimento da religião verdadeira e do sofrimento de Seus

devotos, o Senhor Supremo advém a este mundo. A Suprema Personalidade

de Deus, o Senhor Caitanya Mahaprabhu, entrou então nos corpos de

Sacidevi e Jagannatha Misra. Nesse momento, as interjeições “Jaya!

Jaya!” se manifestaram das bocas do Senhor Ananta. Sri Jagannatha

Misra e Mãe Saci ouviram o clamor de Anantadeva como se estivessem em

um sonho. Os corpos de ambos exibiam grande resplandecência, embora

olhos ordinários não pudessem ver. Siva, Brahma e os demais

semideuses, entendendo que a Suprema Personalidade de Deus estava

prestes a aparecer, vieram até a Terra para oferecer orações. Todos

esses passatempos do Senhor estão registrados, embora de maneira

escondida, nos versos dos Vedas. Quanto a isto, não há dúvidas.



Agora, por favor, ouçam a oração que o Senhor Brahma e os demais

semideuses ofereceram com grande devoção. Por se ouvir essa oração

confidencial, desenvolve-se forte apego ao Senhor Krsna. Os semideuses

oraram: “Repetidas glórias ao Senhor Mahaprabhu, o mantenedor de

todos! Repetidas glórias ao Senhor que descende a este mundo material

para inaugurar o Movimento de Sankirtana! Repetidas glórias ao Senhor

Caitanya, o protetor dos Vedas, da religião, dos devotos santos e dos

brahmanas piedosos! Repetidas glórias ao Senhor que é o destruidor dos

não-devotos e a morte personificada para os ateístas. Repetidas

glórias ao Senhor Caitanya, cuja forma transcendental é absoluta,

eterna e plena de bem-aventurança. Repetidas glórias ao Senhor dos

senhores, cujos desejos não conhecem obstrução”.



“O Senhor permanece imanifesto em milhões e milhões de universos”,

continuaram os semideuses sua oração, “mas Se manifesta pessoalmente

no ventre de Sacidevi. Quem é capaz de compreender Seus desejos? A

criação, a manutenção e a aniquilação dos universos não passam de um

aspecto de Seus maravilhosos passatempos. Se Você assim desejasse,

todos os universos seriam imediatamente destruídos. Assim, não seria

Você capaz de matar Ravana e Kamsa simplesmente pronunciando uma única

palavra? Apesar de tal habilidade, Você apareceu nas casas do rei

Dasaratha e de Sri Vasudeva para matar esses dois demônios. Ó Senhor,

quem seria capaz de desvendar o mistério por detrás de Suas

atividades? Apenas Você conhece Seu coração. Se este fosse Seu desejo,

um único de Seus servos poderia liberar as almas de todos os

inumeráveis universos. Mesmo assim, Você vem pessoalmente a este

mundo, ensina os princípios religiosos e torna a todos venturosos”.



“Em Satya-yuga”, prosseguiram ainda, “Você apareceu em uma compleição

clara e ensinou o caminho da austeridade e da meditação executando

Você mesmo austeridades. Portando uma danda e um kamandalu, com Seus

cabelos descuidados e trajando pele de antílope, Você desceu a este

mundo como um brahmacari com o intuito de estabelecer os princípios da

religião. Em Treta-yuga, manifestando Sua bela forma como o

avermelhado Yajna-purusa, Você ensinou a prática religiosa dos

sacrifícios. Com a sruk e a srava em mãos, Você pessoalmente conduziu

os rituais sacrificatórios. Em Dvapara-yuga, Você apareceu com a bela

compleição enegrecida de uma nuvem de monção e estabeleceu a adoração

à Deidade em toda residência. Descendendo a este mundo, Você Se tornou

um grande rei. Trajando veste amarelas e carregando em Seu corpo

transcendental a marca da Srivatsa e outros sinais exclusivos, Você

executou opulenta adoração à Deidade. Em Kali-yuga, Você apareceu como

um brahmana erudito em uma compleição de cor amarela e propagou a

prática religiosa mais confidencial do canto congregacional do santo

nome do Senhor. Você aceita ilimitados nascimentos em ilimitadas

formas supranaturais. Quem poderia contar cada um de Seus nascimentos

e formas?”.



“Manifestando a forma do peixe, Matsya, Você desfruta de passatempos

nas águas da devastação. Manifestando a forma da tartaruga, Kurma,

Você Se torna o local de repouso de todas as entidades vivas. Como

Hayagriva, Você resgatou os Vedas e matou os demônios Madhu e

Kaitabha. Como Sri Varaha, Você resgatou a Terra; e como o Senhor

Nrsimhadeva, esfacelou o demônio Hiranyakasipu. Como a encarnação anã

Vamana, Você excedeu o rei Bali em astúcia; e, como Parasurama, Você

tornou a Terra um lugar inabitado por ksatriyas. Como o Senhor

Ramacandra, Você matou Ravana; e, como o Senhor Balarama, Você

desfrutou de incontáveis brincadeiras. Como o Senhor Buddha, Você

pregou a religião da compaixão e da não-violência; e, como o Senhor

Kalki, Você destruiu os degradados mlecchas, a classe de homens que

não segue as injunções védicas. Como o Senhor Dhanvantari, Você

distribuiu o néctar da imortalidade; e, como o Senhor Hamsa, Você

explicou a Verdade Absoluta para o Senhor Brahma e outros. Como Narada

Muni, Você porta a vina e canta muito docemente; e, como Srila

Vyasadeva, Você explica a verdade acerca de Si mesmo. Manifestando

Seus melhores passatempos e Sua beleza e inteligência ímpares, Você

apareceu em Sua forma original, a forma de Krsna, e desfrutou de

passatempos em Gokula”.



“Agora, neste presente nascimento, Você Se apresentará na forma de um

devoto puro e incondicional do Senhor. Com todo o Seu poder, Você

pregará o movimento de Sankirtana, o movimento do cantar do santo nome

do Senhor Krsna. O néctar do canto congregacional do santo nome irá

imergir todo o universo em bem-aventurança. Em toda e cada casa,

prema-bhakti se tornará manifesta. Como poderíamos descrever o êxtase

que tomará os três mundos quando o Senhor começar a dançar com Seus

servos e devotos? Por sempre meditarem em Seus pés de lótus, Seus

devotos removem todas as doenças e inauspiciosidades deste mundo. As

solas de Seus pés dispersam toda a desventura, enquanto que Seus

olhares purificam todas as dez direções. Ó Senhor Caitanya, são tão

gloriosos Seus servos que, quando dançam belamente com seus braços

erguidos, removem toda a perturbação nos planetas celestiais. Ó Senhor

Caitanya, trazendo conSigo Seus devotos, Você vem a este mundo para

pregar através de Seu exemplo o canto congregacional e distribuir

prema, amor puro por Deus”.



“Ó Senhor, quem teria tamanha habilidade com as palavras para

descrever Sua magnificência em presentear a todos com o conhecimento

mais confidencial e secreto dos Vedas? Escondendo o serviço

devocional, Você costumava conceder a liberação aos praticantes

espirituais. Desejamos ardentemente que o Senhor nos presenteie agora

com o sublime amor ao Senhor. Você, o mestre de toda a criação,

distribui o maior dos tesouros a todos sem exigir nada em troca. Você

Se comporta dessa maneira magnânima porque é todo-misericordioso. O

cantar de Seu santo nome traz os resultados da execução de todos os

yajnas; e, para distribuir tal cantar, Você está vindo agora a este

mundo, aparecendo em Navadvipa. Ó Senhor, conceda-nos Sua benevolência

de forma que sejamos afortunados o suficiente para ver os maravilhosos

passatempos que Você desfrutará em Navadvipa. Ó Senhor, daqui a alguns

dias, Você satisfará o acalentado desejo de Gangadevi desfrutando de

muitos passatempos em suas águas. Sua primorosa forma transcendental,

que os místicos e yogis vêem mentalmente em suas meditações, tornou-se

manifesta em Navadvipa. Oferecemos nossas respeitosas reverências a

Navadvipa-dhama e à casa de Sacidevi e Jagannatha Misra, onde Você

escolheu realizar Seu aparecimento divino”. Desse modo, Brahma e

outros semideuses, mantendo-se invisíveis, ofereciam diariamente

orações seletas ao Senhor Supremo.



O Proprietário Supremo de toda a criação permaneceu no ventre de

Sacidevi, e, com a ascensão da lua cheia do mês de Phalguna (Fevereiro

e Março), Ele tornou-Se manifesto. Toda a auspiciosidade residente em

diferentes partes da manifestação cósmica se apresentou em plenitude

naquela noite de lua cheia. A Suprema Personalidade de Deus descendeu

ao mundo em companhia do processo do canto congregacional do santo

nome. Ele propagaria esse processo de Sankirtana praticando-o Ele

mesmo. Quem é capaz de compreender as estonteantes atividades do

Senhor Supremo? Por Seu desejo, Rahu cobriu a lua naquela noite. Como

arranjado pelo Senhor, todos de Navadvipa, vendo o eclipse lunar,

começaram a cantar bem alto os auspiciosos nomes do Senhor Hari.

Muitos milhões de pessoas correram para o Ganges, onde se banhavam e

clamavam: “Hari-bole! Hari-bole!”. O som tumultuoso do cantar do nome

do Senhor Hari tomou primeiramente toda Nadiya e então penetrou em

todas as camadas do universo material até brahmaloka. O santo nome do

Senhor, não obstante, jamais se contaminou com a atmosfera material.



Vendo aquele acontecimento miraculoso, os devotos pediram em prece:

“Que este eclipse dure para sempre!”. Os devotos experimentaram

profunda felicidade e falaram entre si: “Todos estão tomados de

bem-aventurança. Deve ter sido este o sentimento experimentado pelos

habitantes da Terra quando o Senhor Krsna apareceu neste mundo”.

Enquanto os devotos se dirigiam ao Ganges para se banharem, as quatro

direções eram tomadas pelo Sankirtana dos santos nomes do Senhor Hari.

Mulheres, crianças, idosos; piedosos e ímpios – todos cantavam o santo

nome do Senhor Hari durante o eclipsar da lua. O único som dentro do

universo era o todo-predominante cantar de “Hari! Hari!”. Os

semideuses derramavam flores por toda a parte e proclamavam vitória

enquanto tocavam seus tambores dundubhi. Em meio a essa primorosa

exaltação, o Senhor, a alma do universo, apareceu na Terra como o

filho de Sacidevi. A lua fora jantada por Rahu e o oceano do santo

nome inundara Navadvipa. Bandeiras de vitória tremulavam ao vento

indicando que Kali encontrara-se com a derrota personificada. O Senhor

Supremo havia nascido! Todos os quatorze mundos conversavam sobre o

grande evento. Meramente pela contemplação do Senhor Gauracandra,

todos os moradores de Nadiya se tornaram satisfeitos em plenitude.

Agora, toda a lamentação se dissipara.



Em harmonia com os tambores dundubhi, com o soprar dos búzios, das

flautas e dos chifres de búfalo, eu, Vrndavana dasa, canto as glórias

de Sri Caitanya Mahaprabhu e Nityananda Prabhu. Sua refulgência

incandescente ofusca os raios solares. Meus olhos não suportam Sua

contemplação. Quanto a Seus olhos ligeiramente caídos, não ousarei

tentar nenhuma metáfora. A atmosfera está tomada de boa-venturança:

hoje, as glórias do Senhor Caitanya estão manifestas! Cada vibração

rugiente do nome do Senhor Hari é ouvida em todos os mundos até o

planeta do Senhor Brahma, carregando a excelsa notícia do nascimento

do Senhor. Sua esplêndida compleição se assemelha à cor da pasta de

sândalo. Seu peito é amplo, e nele se dispõe uma dançante guirlanda de

flores silvestres. Seu rosto iridescente é prazeroso, consolador e

refrescante como a lua. Seus longos braços se estendem até Seus

joelhos. Clamores de vitória e glorificações ao Senhor permeavam todas

as direções, e a Terra se sentia especialmente favorecida pelo advento

do Senhor Caitanya. Alguns cantavam com profunda satisfação, enquanto

outros dançavam em êxtase. Mas, para Kali, estar em meio aquela

celebração espiritual era algo desesperador. Os Senhores Caitanya e

Nityananda são as coroas sobre as cabeças dos quatro Vedas. Esses

Senhores são de tamanha magnitude que não rejeitam nem mesmo os

ignorantes e arruinados. Eu, Vrndavana dasa, ofereço a Eles esta

canção.



A lua dourada, o Senhor Caitanya Mahaprabhu, nasceu. Não há nenhum

lugar nas dez direções que não esteja tomado de bem-aventurança. Sua

beleza humildava milhões de cupidos. Ele sorria ao ouvir o cantar de

Seu santo nome. Sua face amável e olhos encantadores, somados aos

sinais auspiciosos trazidos em Seus pés, como a bandeira e o raio, bem

como toda a Sua forma graciosa belamente decorada, estavam ali para

roubar a mente e os sentidos de todos. Toda forma de medo e desânimo

foi imediatamente dissipada pelas Suas glórias e opulências. Eu,

Vrndavana dasa, ofereço esta canção aos Senhores Sri Caitanya e Sri

Nityananda, que são tudo em minha vida.



Os semideuses cantavam estupefatos ante o aparecimento do Senhor

Caitanya. Contemplando o rosto do Senhor, refrescante como a lua,

refrescante o bastante para curar o sofrimento ígneo da vida material,

os semideuses ficavam imensamente satisfeitos. Era uma ocasião festiva

e gloriosa. Ananta, Brahma, Siva e outros semideuses haviam agora

assumido formas humanas. Tendo o eclipse por pretexto, eles também

cantavam o nome do Senhor Hari. É-me impossível descrever a exultação

deles todos. As quatro direções de Nadiya estão definitivamente

tomadas pelo cantar de “Hari! Hari!”. Navadvipa jamais provara fortuna

como essa. Juntos, humanos e semideuses desfrutavam de inúmeros

passatempos. Todos os semideuses, aproveitando não poderem ser vistos

na escuridão do eclipse, foram até o quintal da casa de Mãe Saci e

ofereceram suas reverências ao Senhor Caitanya. Quem seria capaz de

descrever esses insondáveis e confidenciais passatempos do Senhor, tão

difíceis de se compreenderem? Alguns ofereciam preces, alguns

seguravam uma sombrinha e outros O abanavam com camaras, enquanto

outros derramavam flores, cantavam e dançavam. O Senhor Caitanya

apareceu com todos os Seus devotos puros, mas os ateístas e ofensores

jamais entenderão este evento. Eu, Vrndavana dasa, canto as nectáreas

glórias de Sri Krsna Caitanya e Nityananda Prabhu.



O retumbar dos tambores dundubhi se misturava aos hinos, preces e

música dos semideuses, fazendo o ar dançar. “Hoje, sem mais espera,

conheceremos a Suprema Personalidade de Deus, que é um mistério mesmo

para os Vedas”. Os semideuses de Indrapura estavam euforicamente

felizes; tumultuosamente se decorando, eles mal podiam acreditar terem

recebido a benção de nascer em Navadvipa, onde o Senhor lhes daria Sua

venturosa associação. Devido à excessiva felicidade que sentiam pelo

nascimento do príncipe de Navadvipa, o Senhor Caitanya Mahaprabhu,

eles se abraçavam e se beijavam sem nenhum constrangimento. Não havia

mais distinção no critério de amigos ou inimigos. Muito curiosos, os

semideuses chegaram a Navadvipa em meio ao sonoro cantar do nome de

Deus. Provando o gosto nectáreo daquele cantar, o êxtase deles foi

tamanho que quase perderam a consciência; parecendo um tanto

intoxicados, cantavam: “Caitanya! Jaya! Jaya!”. Na casa de Sacidevi,

eles contemplavam a belíssima forma do Senhor Caitanya, que era

gloriosa como o encontro de dez milhões de luas. Usando o eclipse como

justificativa, Ele adveio em Sua forma semelhante à humana e fez com

que todos cantassem bem alto o santo nome do Senhor Hari. O Senhor

descendeu com todas as Suas energias e expansões – os ateístas e

blasfemos jamais poderão entender esse grande acontecimento. Que eu,

Vrndavana dasa, possa cantar as glórias dEles, Sri Sri Caitanya

Nityananda, os quais são minha vida e alma.



Tradução de Bhagavan dasa (DvS) e revisão de Naveen Krishna dasa

(RnS), Prana-vallabha devi dasi (DvS) e Prema-vardhana devi dasi (DvS)


Capítulo do Caitanya-Bhagavata cedido em cortesia pela BBT Brasil.

O Caitanya-Bhagavata, em seu total de cinquenta e cinco capítulos.



Fonte:
http://www.novagokula.com.br/wordpress/?p=8279

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